A Menopausa e a Pós-Menopausa: Uma Jornada de Resgate, Autocuidado e Crescimento na Perspectiva Psicoterapêutica
A menopausa é uma fase natural na vida da mulher, marcada pelo encerramento do ciclo reprodutivo e pela cessação da menstruação, geralmente ocorrendo entre os 45 e 55 anos. No entanto, apesar de ser um processo fisiológico, a forma como a sociedade enxerga a mulher nesse período ainda está carregada de estigmas, preconceitos e construções culturais que impactam diretamente a saúde emocional e psicológica feminina.
A visão psicoterapêutica sobre a menopausa e a pós-menopausa convida a uma reflexão mais ampla: será esse realmente um tempo de perdas, decadência e limitações? Ou pode ser ressignificado como um tempo de liberdade, autocuidado, autoconhecimento e redescoberta de si mesma?
Neste artigo, exploraremos como a mulher na sociedade atual é vista nesse período, como ela própria se percebe e, principalmente, como a psicoterapia pode ser uma aliada na construção de uma nova narrativa sobre essa fase da vida.
A Visão Social da Menopausa: Quebra de Paradigmas Necessária
Durante muito tempo, a menopausa foi associada ao fim da juventude, da fertilidade e, consequentemente, da utilidade social da mulher. A sociedade ocidental, baseada em padrões estéticos e produtivos, historicamente valorizou a mulher enquanto jovem, bela e reprodutiva. A partir do momento em que esses atributos biológicos se transformam, surge uma narrativa social que frequentemente associa a mulher madura à perda, ao declínio físico, emocional e até social.
Essa visão se reflete em discursos midiáticos, culturais e até familiares, que muitas vezes reforçam a ideia de que, após a menopausa, a mulher perde sua feminilidade, sua sensualidade e sua capacidade de ser protagonista da própria vida. É um imaginário que precisa ser desconstruído, pois não condiz com a complexidade da experiência feminina.
Como a Mulher se Percebe Nesse Ciclo
Influenciada por esse olhar social, não é raro que a própria mulher internalize sentimentos de insegurança, invisibilidade e, por vezes, de inadequação. As mudanças hormonais — como a redução de estrogênio e progesterona — acarretam sintomas físicos como ondas de calor, insônia, secura vaginal, ganho de peso e alterações na pele. No campo emocional, podem surgir ansiedade, irritabilidade, tristeza, perda de libido e crises de identidade.
O sofrimento não surge apenas das alterações biológicas, mas também da dificuldade em ressignificar o papel social e pessoal. Algumas mulheres passam a se questionar sobre sua própria identidade, seu valor e sua capacidade de realização.
A psicoterapia, nesse contexto, é uma ferramenta essencial para compreender que esses sentimentos não são fraquezas individuais, mas respostas naturais a um contexto biopsicossocial que, por vezes, é opressor e desumanizador.
A Menopausa Como Processo de Transformação
De uma perspectiva psicoterapêutica, especialmente dentro de abordagens como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a Psicologia Positiva, a menopausa pode ser entendida como uma fase de transição de papéis, onde há, sim, desafios, mas também muitas oportunidades.
Na TCC, trabalha-se a identificação e a reestruturação de pensamentos disfuncionais, como:
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“Não sou mais atraente.”
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“Perdi meu valor.”
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“Minha vida acabou.”
Esses pensamentos, muitas vezes automáticos, são confrontados com evidências reais, levando a mulher a desenvolver uma visão mais equilibrada e funcional da própria realidade.
Já na Psicologia Positiva, enfatiza-se o fortalecimento das forças pessoais, o desenvolvimento de resiliência, o cultivo de emoções positivas e o engajamento em atividades que tragam propósito e sentido. Esse olhar ajuda a mulher a perceber que a menopausa não precisa ser sinônimo de fim, mas sim de um recomeço.
Caminhos Psicoterapêuticos Para Viver a Menopausa com Qualidade e Propósito
1. Autoconhecimento e Aceitação
A psicoterapia proporciona um espaço seguro onde a mulher pode refletir sobre sua trajetória de vida, suas conquistas, seus medos e suas expectativas. Compreender que o envelhecimento é um processo natural — e não um problema — é um dos primeiros passos para ressignificar essa fase.
2. Resgate da Autoestima e da Autoimagem
Trabalhar a autoimagem é fundamental. A mulher é convidada a olhar para si não apenas sob a ótica da aparência, mas a partir da totalidade do seu ser — suas experiências, sabedorias, habilidades, afetos e potencial de realização.
3. Gestão das Emoções
A menopausa traz consigo uma montanha-russa emocional. Através de técnicas terapêuticas, como o desenvolvimento da regulação emocional, mindfulness, respiração consciente e reestruturação cognitiva, a mulher aprende a lidar com as oscilações emocionais de forma mais leve e funcional.
4. Cuidado com o Corpo
A abordagem psicoterapêutica também inclui o incentivo ao autocuidado físico. Práticas como atividade física, alimentação saudável, sono de qualidade e, se necessário, acompanhamento médico especializado (ginecologista, endocrinologista) são pilares para a manutenção da saúde.
5. Ressignificação de Papéis
É comum que a mulher, ao longo da vida, tenha assumido múltiplos papéis — mãe, esposa, cuidadora, profissional. Na menopausa, surge o convite para revisitar esses papéis e criar novos significados. É um tempo propício para investir em projetos pessoais, hobbies, espiritualidade e desenvolvimento interior.
6. Fortalecimento das Conexões Sociais
Estudos mostram que as conexões sociais são fatores protetivos para a saúde mental. Grupos de apoio, amizades, atividades coletivas e até a participação em espaços terapêuticos grupais ajudam na construção de uma rede afetiva que promove bem-estar.
Uma Oportunidade de Crescimento e Não Apenas de Perdas
Quando olhamos para a menopausa e a pós-menopausa com as lentes da psicoterapia, percebemos que esse não é um tempo de decadência, mas de transformação profunda. É um período onde a mulher pode, finalmente, colocar-se no centro da própria vida, ouvir suas necessidades, seus desejos e suas verdades.
O amadurecimento traz consigo uma liberdade que muitas vezes não foi possível nas fases anteriores da vida. A liberdade de dizer “não”, de priorizar-se, de escolher novos caminhos e de viver de forma mais autêntica e alinhada com seus próprios valores.
Considerações Finais
A menopausa e a pós-menopausa são fases ricas, desafiadoras, mas também repletas de possibilidades. A psicoterapia oferece uma potente ferramenta para que a mulher transite por esse ciclo com mais leveza, autonomia, saúde e plenitude.
Ao desconstruir mitos e ressignificar crenças, a mulher pode viver essa etapa não como um fim, mas como um novo começo — uma jornada de autoconhecimento, fortalecimento e florescimento pessoal. Afinal, envelhecer é um privilégio e, mais do que isso, é uma oportunidade de se reinventar, viver com mais consciência e celebrar a própria existência.
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